Sou uma mulher experimental. Mulher preta, mãe, candomblecista, aprendiz de capoeira de angola. Brotei do chão no agreste potiguar. Poeta, tenho insistido em não perder novamente minha voz. Escura demais, arredia, digo verdades desafinadas, minha música não sei por onde anda, mesmo assim eu danço. Performer, meu corpo fala nas ruas, no mato, nas encruzilhadas, sobre as proibições que pesam sobre os corpos de mulheres negras. Também antropóloga, trabalho sobre a criação de memórias por populações subalternizadas no Brasil. Brinco de criar imagens com câmeras de celular. Criei a Negro Charme Moda Afropotiguar em 2011 que depois de dez anos se torna Lab NC e traz para a frente o desejo de criar, se ser inteira e caminhar junto com os fundamentos das minhas tradições. A arte brota em mim, é sobre isso esse caminhar.
A coleção Arte Sacra: Joias de Orixá, qual a peça Eketé de Ogum faz parte, tem por objetivo difundir uma proposta de representação estética do sagrado afropotiguar, promovendo a intersecção entre joalheria e artes visuais. Na exposição na qual as joias foram expostas, destaco um cuidado específico na realização de parcerias para viabilização da presença de comunidades tradicionais, quilombolas, e comunidades do entorno, bem como de estudantes de escolas públicas de Parnamirim, Ceará Mirim e Macaíba, na intenção de contrapor o racismo cotidiano que também se manifesta com intensidade na perspectiva cultural e estética, num processo educativo permeado por confluências."