O artista plástico Julio Xavier, que também é mestre em História, psicólogo clínico e arteterapeuta, reside na cidade de Niterói, Município do Rio de Janeiro. Os temas abordados se relacionam às maiores questões contemporâneas, tais como a poluição e seus efeitos na sociedade, relações étnico-raciais e direitos humanos. Esses são alguns dos tópicos que o tocam poeticamente e que se fazem presentes em suas obras, onde o artista incorpora fragmentos de embalagens plásticas de diversas cores, caracterizando a importância da preservação do meio ambiente e as consequências do descarte indiscriminado de materiais plásticos no meio ambiente.
A criação da obra surge a partir da leitura da tela A Redenção de Cam, produzida em 1895, pelo artista Modesto Brocos. Ela retrata de forma simbólica as teorias raciais que permeiam os discursos no Brasil, do fim do século XIX na busca pelo ""embranquecimento"" da população por meio da miscigenação. Como consequência dessa percepção, Julio Xavier produziu uma obra que destacasse essa forma de resistência à estética que é imposta a população negra.
A tela A Crespa tem a finalidade de denunciar não só o racismo estético, mas o racismo cotidiano que tem um impacto na vida de milhões de brasileiros e brasileiras que continuam sobrevivendo em vulnerabilidade social e dentro desse universo, principalmente as mulheres negras.